quarta-feira, 21 de julho de 2010

Uma palavrinha sobre as Vitorianas

Gente, seguinte. Acabei de postar o primeiro capítulo das vitorianas. Você pode ler na aba ali em cima, ou no post loo abaixo desse.

Os capítulos serão curtos para aumentar minhas chances de postar mais vezes. Só quero tranquilizar algumas pessoas que já começaram a me olhar feio: não vou atualizar as tirinhas mais bissextamente que o de costume por causa da fic, então, sem crise.

Agora, sim, mergulhamos fundo no século XIX. Divirtam-se. :D

Capítulo 1 - As Esposas de Drácula (Noivas! Quem dera...)

Documentos submetidos à leitura de Abraham Van Helsing IV, Vlad Drácula II, Lucy Harker e Elizabeth Bathory II.


Diário de Vlad Drácula


03 de março.
Antes de começar a escrever nesse que é meu 32º diário, vou me apresentar. Uma das maiores frustrações de minha vida foi ter encontrado um diário antigo e interessante e não saber o nome da pessoa que o escreveu, ou o que a levou a escrever o que estava na primeira página.

O 31º diário teve suas últimas trinta páginas preenchidas com muitos desgostos e aborrecimentos. Irei resumir tanto quanto possível a situação, antes de enumerar os motivos pelo qual decidi abandonar de vez meu domínio de tantos séculos.

Sou Vlad Drácula, Conde da Valáquia, e caminho na Terra há tempo o bastante para ter me esquecido minha verdadeira idade. Enquanto humano, fui príncipe e reinei. Ao adentrar na comunidade dos vampiros, fui “rebaixado” a conde. Semelhante governa semelhante, e não é produtivo, para ambas as partes, que um vampiro governe seres humanos.

Não me lembro com exatidão quando ou porque me tornei vampiro. Possivelmente, foi um acidente. Eu fazia questão de ser temido para ser obedecido, e, para reforçar o temor, bebia o sangue dos inimigos abatidos. É provável que o sangue de algum deles estivesse contaminado.

Para solidificar minha situação, casei-me com duas nobres de importantes famílias vampiras dos cárpatos. Desde o princípio, minhas relações com Svenka e Anna foram cordiais. Elas se casaram novamente, tiveram filhos, e fiquei feliz em proporcionar a eles o capital necessário para fazerem sua própria fortuna. Os humanos tendem a se escandalizar com as teias matrimoniais que se formam entre os vampiros, com o passar dos séculos, mas sempre as achei mais corretas que a monogamia hipócrita, que não legaliza a posição do amante.

Depois que os filhos de Anna e Svenka deixaram o castelo dos Drácula foi que comecei a desejar um filho meu, do meu sangue e da minha carne. Foi esse desejo, misturado a uma vontade profunda de encontrar uma esposa com a qual eu me unisse por amor verdadeiro, que me tornaram um tolo.

Tenho parentes em várias casas reais europeias e sempre gostei de visitá-los e manter um contato cordial. Essa influência fez de mim importante entre os vampiros desde muito cedo. Em uma visita à Inglaterra, conheci Linnet.

Linnet era loura e linda, mas muito pobre. Apaixonei-me por seu jeito de moça simples sem afetação. Permitam-me uma ratificação: eu não fui um tolo. Fui o rei de todos os tolos.

Encurtando uma longa história, nos casamos e, poucos anos depois, não havia mais afeto entre nós. A superficialidade e o amor ao luxo e ao poder que ela demonstrou logo que oficializamos nosso matrimônio me cansaram. Minhas prioridades eram outras. Muitos anos de amor e ódio depois, firmamos um acordo tácito: eu pagava suas contas e ela não me aborrecia com os agudos de sua voz.

Tudo estava bem até que ela pediu que tivéssemos um filho. Sugeri que fizesse como as outras e arrumasse um marido de sua preferência. Ela insistiu que fazia questão que o filho fosse meu. Resisti à ideia, como podem imaginar. Mas vocês já contrariaram uma mulher? Todos os dias durante cinquenta anos, Linnet me aborreceu com seu pedido. Há dois meses, em busca de paz, finalmente cedi.

Sim, sou tolo. O rei dos tolos. Mas foram cinquenta anos.

Ela engravidou há menos de uma semana e nosso faro acusa um garoto. Linnet quer chamá-lo Viktor, ao invés de Vlad, porque não quer que o menino seja um perdedor, como eu. Realmente, minha tolice não tem limites.

Hoje, voltei de minha caçada por alimento mais cedo e ouvi Linnet explicando a alguém que, logo que a criança nascer, irá me matar para que Viktor se torne o próximo Conde Drácula e herde o castelo e a fortuna.

Não pensem que estou surpreso. De forma alguma. Ainda assim, fico um pouco decepcionado.

Houve um tempo em que eu não hesitaria em violar o corpo da traidora, empalar a dita viva, juntamente com a criança, e servir o sangue de ambos em um banquete. Mas esse tempo está tão distante que não me lembro dele senão como uma lembrança nebulosa, que poderia pertencer a outra pessoa. Quero punir Linnet, sim, mas não envolverá algo tão grosseiro quanto violência física.

Tenho um plano, mas não ouso escrevê-lo aqui pela possibilidade de olhos estranhos lerem essas linhas. Escrevi a um amigo meu, de Amsterdã, para discutir as possibilidades. Aguardo a resposta para definir meu primeiro movimento.


Carta de Vlad Drácula a Abraham Van Helsing


03 de março
Como vai, Bram?

Já faz algum tempo que não escrevo a você, e sinto muito que essa carta precise conter um pedido.

Cedi a Linnet. Você já sabe do que falo. Guarde para si o sermão de três páginas, que sei que está preparando. Sei as consequências de meus atos. A verdade é que faz tempo que quero começar uma vida nova no anonimato, cerrando uma cortina sobre meu passado e conseguindo sucesso e respeito por meus méritos e não por minhas relações com cabeças coroadas.

Pretendo forjar minha morte, da maneira mais convincente possível, e deixar que Linnet arque com as responsabilidades de estar a frente da família Drácula, ao invés de apenas usufruir os benefícios.

Sou obrigado a admitir que você é o único dos meus amigos que é, ao mesmo tempo, confiável e possuidor de certa dose de miolos. Pode me ajudar?

Agradecido.

D.”

Telegrama de Abraham Van Helsing para Vlad Drácula

“VA INGLATERRA PT IDIOTA PT BRAM”


Diário de Vlad Drácula


10 de março.
O velho Bram! Só ele para me fazer sorrir na situação em que me encontro!

Desde que nos conhecemos, na Inglaterra, quando estudávamos Medicina, ele não deixa de ser interessante.

Em três palavras, o velhote ranzinza resumiu um sermão e um conselho dos mais sábios. É fato conhecido por todos que, a despeito de ter se passado lá uma das piores situações de minha vida lá, tenho uma preferência especial pela Inglaterra. É um lugar pitoresco, com um povo simples e divertido. Sua preocupação quase obsessiva pela decência aparente, seu horror a demonstrar o sentimentalismo interior e mesmo sua superioridade benevolente com outros povos nunca deixam de me enternecer.

Lá, não terei as centenas de ouvidos curiosos a escutarem meus planos, e minha ida lá causaria menos suspeitas que uma viagem a Amsterdã. Uma explêndida ideia, em resumo. Agora, a palavra de ordem é não me precipitar. Medirei meus passos e realizarei meus intentos com calma.

O primeiro passo é chamar meu advogado inglês ao castelo para mudar meu testamento, incluindo Viktor. E escrever novamente a Bram.


Telegrama de Vlad Drácula para Abraham Van Helsing

"IREI MAIS RÁPIDO POSSIVEL PT PRECISO BOM CORRETOR ANTES PT FAVOR ENVIAR SUGESTAO PT VLAD"


Telegrama de Abraham Van Helsing para Vlad Drácula

"PETER HAWKINS EXETER PT JUIZO PT BRAM"


Caderninho de apontamentos de Abraham Van Helsing

11 de março

Vlad diz que virá à Inglaterra o mais rápido possível. Conhecendo sua noção vampírica de tempo, evitarei agendar compromissos em agosto e setembro.

domingo, 18 de julho de 2010

Bram & Vlad e a Copa

Fala, pessoas! Como sempre, dei um bom hiato entre as atualizações, maior do que eu gostaria. Fim de semestre é SEMPRE assim. Mas esse fim foi especial porque... tcham, tcham, tcham... Estou me formando! Do bacharelado em Química, pelo menos.

Formatura à parte, teve a Copa, também. Quem nos segue no Twitter deve ter acompanhado todos os lances de perto. Pra quem não segue, vou fazer um apanhadão geral.

O Bram é inglês, mas seu bisavô era holandês, o que quer dizer que ele torce pelas duas seleções. Ele gosta muito de futebol (é o capitão do seu "time") e sempre torce apaixonadamente. Às vezes até demais. O Vlad é romeno e seu pai é húngaro. Infelizmente, nenhuma dessas seleções foi pra Copa, então, ele passou a torcer pros países mais próximos: Eslovênia e Eslováquia.

Na primeira fase, o Vlad amargou a derrota da Eslovênia pra Inglaterra e sua desclassificação com a vitória dos EUA sobre a Argélia. Claro que o Bram não deixou barato:

Bendita hora que fui comprar uma vuvuzela pra eles...

No outro front, a Holanda se classificou invicta e o Vlad ainda teve o prazer de ver a Eslováquia desclassificar a Itália, num jogo que finalmente fez o vampirinho entender a graça que o Bram vê em um bando de humanos suados atrás de uma bola.

Vlad descobre que futebol pode ser divertido

Nas oitavas, o Bram viu a Inglaterra levar uma surra da Alemanha. Sério, ele ficou numa fossa tão grande que até eu chorei. Foi pior pra mim do que seria nas quartas, mas ainda chegamos lá.

Eu chorei também, cara. Como um bebê.

Dois dias depois, Bram e Vlad novamente teriam seus times se enfrentando. Com a derrota da Inglaterra, o Bram estava duas vezes mais chato. A Eslováquia foi eliminada pela Laranja Mecânica e o ruivinho deixou a tristeza pela derrota da Inglaterra pra trás.

Alegria de uns, tristeza de outros...

O jogo das quartas seria Holanda x Brasil. Cara, foi um jogo tenso pra mim. Por um lado, claro que eu tava torcendo pelo Brasil. Por outro, se a Holanda perdesse, teríamos uma nova fossa do Bram que, com seus quase 11 anos, leva futebol muito mais a sério que eu. A Holanda derrotou o Brasil, como você sabe, e a comemoração do ruivinho contrabalanceou o gosto ruim da derrota do Brasil.

Os Drácula não sabem perder. Fato.

A Holanda venceu o Uruguai nas semifinais num jogo heroico que fez o Bram quase infartar. Daí pra final, ele se aparelhou todo e se preparou para o desafio final contra a Espanha.

Hup, Holland, hup!

Olha, não podemos dizer que a Holanda não tenha lutado. Ela lutou. Lutou boxe, kung-fu e luta livre, mas não teve jeito. No finzinho da prorrogação, a Espanha enterrou as esperanças holandesas e firmou a reputação de eterno segundo lugar dos Van Helsing. É. O momento de glória do Bram ainda está longe, aparentemente.

Deu dó.

No dia seguinte, o Bram quis ir a um restaurante japonês comer um prato que tivesse polvo. Sabem como é, uma forma de catarse. Mas, como o Polvo Profeta não é bobo nem nada, entre uma caixinha de mariscos com o nome do Vlad e uma com o nome do Bram, adivinhem qual ele preferiu?

O polvo sabe das coisas.

Assim, os instintos polvicidas do Bram foram acalmados e todos viveram felizes para sempre.

E foi esse o resumo da Copa para Bram & Vlad. Semana que vem, voltamos à programação. Já tenho alguns capítulos da fanfic escritos e postarei o primeiro daqui a poucos dias. Até mais! o/

domingo, 4 de julho de 2010

Bram & Vlad Vitorianos - o que é



Vitorianos? O que é isso, afinal?

"Vitoriano" é um adjetivo que caracteriza um período da história da Inglaterra, em que esse país foi governado pela Rainha Vitória. Isso aconteceu de meados para o fim do século XIX.

Muito do que somos hoje foi construído nesse período. O século XIX foi o século da razão, dando prosseguimento ao século XVIII, o século das luzes. Muitas ciências foram criadas e/ou estruturadas nessa época. A Inglaterra vivia um período de prosperidade e desenvolvimento. Na Literatura, o Romantismo e o Realismo lutavam entre si, um criado da ânsia pela fuga desse mundo tão "certinho" e "explicadinho" e o outro, pelo espírito de racionalidade que imperava na época.

Muitas de minhas obras preferidas são dessa época, além de gente famosa que vocês provavelmente reconhecerão: Sherlock Holmes, O Morro dos Ventos Uivantes, O Médico e o Monstro, Frankenstein, o Retrato de Dorian Grey, Júlio Verne e sua extensa prole (eu sei que ele não era inglês, mas FOI dessa época), Machado de Assis (no Brasil), e ele, claro. Drácula.

Perceberam o chiste? Drácula, a obra que inspirou Bram & Vlad ocorre em pleno período vitoriano. Portanto Bram & Vlad Vitorianos são ninguém mais, ninguém menos que Abraham Van Helsing e Vlad Drácula, os personagens de Bram Stoker.


Aaah, tá. Pode falar sobre esses tais Bram & Vlad Vitorianos


Sempre acalentei o desejo de fazer uma fanfic de Drácula desde que li, mas nunca me acertei quanto ao formato. Só recentemente resolvi esse problema e decidi compartilhar essa experiência com vocês. Vou postar os capítulos da fanfic no corpo do blog e colocar os links nessa aba.

Para quem não leu o romance (a maioria esmagadora das pessoas só conhece o Drácula cinematográfico, que é beeeem diferente do literário), resumo-relâmpago do livro e da fanfic, por tabela:

"Drácula" é um romance que está dividido em passagens dos diários de três personagens - Jonathan Harker, Mina Murray e Dr. John Seward - além de uma série de cartas, memorandos e outros papeis. No início, acompanhamos o drama de Jonathan, um corretor imobiliário que vai à Transilvânia a trabalho, para o castelo do Conde Drácula. Lá, ele vai descobrindo cada vez mais horrores e fica em uma situação desesperada. Depois de um rosário de provações por parte dele, somos apresentados à sua noiva, Mina Murray. Ela é amiga de Lucy Westenra e segue preocupada com o noivo e com os ataques de sonambulismo da amiga. Juntas, elas presenciam a chegada de um navio fantasmagórico em Whitby, e acontecimentos estranhos se acumulam depois disso. Lucy tem três pretendentes, o Dr. Seward, o Hon. Arthur Holmwood (o Hon. é de Honorable, ele é filho de um nobre) e Quincey Morris, o americano desinibido. Ela fica noiva de Holmwood e, então, a ação passa para o diário do Dr Seward, que nos informará sobre a misteriosa doença de Lucy, que a debilita a cada dia. Quando as coisas pioram, ele chama seu amigo e antigo professor, Abraham Van Helsing. A partir daí, está aberta a temporada de caça aos vampiros.

Acreditem, isso tudo acontece no primeiro terço do livro.

Fui até essa lonjura na sinopse para que vocês compreendam o que fiz na fanfic. Ressuscitei os diários que não entraram no livro de Stoker: os diários de Van Helsing e Drácula (Bram e Vlad. Tava na cara! =p), além de algumas cartas que não foram incluídas no volume. Embora tenham sentido sozinhos, encaixados no livro original, esses diários contariam uma história ligeiramente diferente da que está em Drácula. Pretendo responder algumas perguntas como: "por que raios Drácula levou séculos pra decidir ir pra Inglaterra?" ou "por que a fixação dele com a Lucy, com tanta mocinha bonita em Londres?" ou "o Conde morreu mesmo no final, tão fácil assim?"

(Sim, Drácula morre no fim do livro. Não considero spoiler. Vocês tinham alguma dúvida? Os maus precisam ser punidos pela sua maldade, reza o código moral vitoriano.)

Espero que se divirtam.

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Esse post está sendo fixado na aba "Bram & Vlad Vitorianos", onde estarão os links para o capítulo da fanfic. No post abaixo desse, que postei um pouco mais cedo, vocês podem ler a Introdução e saber como os diários foram parar nesse blog.

Bram & Vlad Vitorianos - Introdução

Introdução


Histórico do MSN de Abraham Van Helsing IV


3 de outubro

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Saudaaaaaade! Pq vc não apareceu aqui hoje?

Bram diz:
*O Vlad acha que tem um vampiro estranho rondando aqui, em Whitby.

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Q aconteceu?

Bram diz:
*É uma longa história.

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Conta!

Bram diz:
*Estou relendo "Drácula", sabe, do meu xará Bram Stoker. Eu te contei que os Harker venderam aqueles documentos durante uma crise do setor imobiliário? Eu sou descendente direto do Abraham Van Helsing que está no livro e disse isso em voz alta pro Vlad.
*Não foi na melhor hora, porque ele estava jogando alguma coisa no PSP e disse que me faltava o principal atributo dos Van Helsing: o cérebro.
*Eu joguei o livro na cabeça dele, ele derrubou o PSP, deu game over no jogo e a gente começou a brigar.
*De repente, ele parou de falar e disse que tinha sentido o cheiro de alguém estranho. Daí, ele disse que era melhor eu vir pra casa, até ele saber quem é a visita.

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Entendi. A Lucy tah sumida tb.

Bram diz:
*Ela disse que está fazendo um presente de Dia dos Namorados pro Vlad. Provavelmente, está tricotando alguma coisa.
*Mais cedo ela saiu, disse que não queria ficar sozinha no quarto porque estava ouvindo alguém chamar por ela.

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Tiliiiiiiiiiindo ela tricotando. *-* Ela me pediu pra ensinar algumas coisas, depois de ver o suéter que eu te dei. Quer uma boina pra combinar? *-*

Bram diz:
*Hã...
*Não, obrigado.

Bessie Bathory - melhor do que nunca (L) diz:
*Fofo. Amanhã, a gente se fala. ;*


Conversa telefônica entre Abraham Van Helsing IV e Vlad Drácula II
(gravada pelo celular de Van Helsing)

4 de outubro, 02h47min

"Vlad> Alô.
Bram> (sonolento) Vlad, olha as horas. Amanhã a gente se fala.
Vlad> Ei, escuta. É a Lucy.
Bram> O que tem ela?
Vlad> Eu vi ela passando aqui perto de casa, andando de camisola, e fui ver o que houve. Ela tá esquisita, parece que tá hipnotizada. Só que eu não tou conseguindo tirar ela do transe.
Bram> Você tá na sua casa?
Vlad> Em frente dela.
Bram> Espera, então, já vou."


Conversa telefônica entre Abraham Van Helsing IV e Elizabeth Bathory II
(gravada pelo celular de Van Helsing)

4 de outubro, 03h14min
Bram> Alô, Bessie?
Bessie> Você ligando a essa hora, fofo? O que foi?
Bram> Você tá ocupada? Pode vir até a casa do Vlad um pouco?
Bessie> Posso, mas pra quê? Que barulho é esse?
Bram> É a Lucy tentando se soltar do Vlad. Ela tá em transe, mas a gente não consegue tirar. Achei melhor a gente soltar a Lucy, ver pra onde ela quer ir e lidarmos com a pessoa que tá causando o transe. Não tem nenhum adulto que pode ajudar a gente, mas talvez você e o Vlad juntos possam dar um jeito.
Bessie> Tudo bem, já vou.


Vídeo gravado pelo celular de Abraham Van Helsing IV


Bram: "Olá. Meu nome é Abraham Van Helsing IV, e se você está assistindo isso, dei upload no video no YouTube porque fui capturado por algum maníaco, possivelmente um vampiro. (Panorâmica da entrada de um cemitério. Barulho de mar no fundo.) Vejam, estamos no cemitério de Whitby, cidade onde eu e alguns amigos estamos passando o fim de semana com nossos parentes, enquanto nossos pais estão ocupados. Aqueles três são o Vlad e a Bessie segurando a Lucy, que continua lutando pra entrar no cemitério. Pronto, vocês dois. Podem soltar."

Vlad: "Tem certeza que precisa disso tudo?"

Bram: " Eles pelo menos têm que saber onde estão nossos corpos para nos dar um enterro digno."

Vlad: "Por que eu ainda pergunto... OK, soltando."

Bram: "E a Lucy caminha cemitério a dentro. Está indo em direção a um banco. Conhecemos bem esse banco, oh, se conhecemos... Aquele que tem um suicida presumivelmente enterrado sob. Espera. Tem a silhueta de duas pessoas sentadas nele. Eles se viraram e viram a Lucy. É agora."

(A câmera mostra uma escuridão onde algumas silhuetas são vagamente visíveis.)

Voz feminina: "Por Deus, querido, veja! A pequenina se parece com a querida Mina! O que faz aqui, no meio da noite?"

Voz masculina: "Parece em transe. Acho melhor colocá-la para dormir e levar essa pequenina de volta para casa. Não deve ser difícil seguir de volta a trilha do cheiro. Espera. Ela realmente tem o cheiro dos Harker. Seria possível...?"

Voz feminina: "Eu sei que essa última geração deles têm uma menina chamada Lucy, o que é muito gentil da parte deles. Mas pensei que moravam todos em Exeter, agora."

Voz masculina: "Nunca subestime o poder do acaso, querida. Lembra quando calculamos a chance de termos nos conhecido naquela noite?"

Voz feminina: "Bobo. Hum... O vento está mudando. E quem são eles?"

Bram: "Ai, meu Deus, eles nos viram. Vou terminar esse vídeo aqui. Se chegarem muito perto, eu envio."


Vídeo gravado pelo celular de Abraham Van Helsing IV



"Foi bom eu não ter mandado o vídeo anterior para  o YouTube, afinal. Estou aqui em casa, e faço esse registro porque sinto que, se não contar pra ninguém, vou explodir. Os dois no cemitério eram ninguém menos que Vlad Drácula, o avô do Vlad que conheço, e Lucy, em solteira, Lucy Westenra, sua esposa há mais de cem anos.

Sim, é verdade que ele deveria estar morto, por obra dos planos do meu avô, assim como essa Lucy. Mas o que houve foi que eles nos convidaram para a casa que alugaram em Whitby e disseram que tinham uma longa história para contar, e tínhamos o direito familiar de saber.

Aliás, a Lucy (a nossa Lucy) está bem. Acordou do transe pouco depois. Ela estava na casa onde a outra Lucy teve crise de sonambulismo no século passado e parece que se deixou levar pela atmosfera.

O Sr. Drácula e sua senhora foram muito gentis e explicaram que, nos registros que os Harker venderam estava faltando muita coisa. Uma dessas coisas são justamente um diário, um caderninho de apontamentos e várias cartas. Eles entregaram esses papéis para nós e pediram que lêssemos com calma e voltássemos até a casa deles depois. Enquanto isso, não devíamos falar deles a ninguém. Mas Deus, eu preciso falar, é nada menos que a maior novidade do último século! E esse tempo todo, o Vlad achava que não tinha avô!

Vlad e Bessie estão dormindo, porque já é dia, mas eu não consigo. Vou começar a ler os papeis e entender como os dois podem estar vivos."